(texto escrito em 11.01.17)
Ao caminhar hoje em direção ao MAC (Museu de Arte Contemporânea de Niterói) parei para fazer uma foto, foi quando observei e pensei. Como a arte é bela, em todas as suas dimensões, seja ela de origem arquitetônica, fotográfica, plástica, musical, teatral, literária!
A gastronomia assim também é, entretanto conta com um fator que a diferencia bastante das demais, a efemeridade. O prato de comida não só tem prazo de validade, como possui a intenção de tê-lo. Nasceu para ser comido, apreciado, digerido, absorvido e dispensado para voltar à natureza de onde veio.
O único recurso que salva a efemeridade da arte gastronômica é exatamente seu registro através dos inúmeros recursos que provém dessas tais outras artes. O texto ou a imagem que, portanto, gravarão a memória de determinado ingrediente ou preparação são de fundamental importância para que o mesmo cumpra sua função não só de alimentar, mas de informar e ser instrumento de transformação social.
Para mim, escrever sobre comida é uma forma de perpetuar aquilo que, na realidade, é efêmero. E, por esse motivo, se torna mais preocupante do que qualquer outra arte que usualmente tem um fim na própria arte. Acredito que mais importante que escrever sobre o tema, seja, portanto, como fazê-lo.
Escrever sobre comida é tão delicado quanto manusear o alimento. É preciso pensar, além do que nos move a escrever sobre o tema, para quem escrevemos e o quanto a mensagem pode influir de diferentes maneiras no cotidiano de quem a recebe. Em resumo, o poder que o texto sobre comida tem é tão relevante quanto a própria comida. Como comunicadores, temos que fazer uma escolha de ordem individual para que a informação seja tão acessível ao coletivo quanto a própria comida deve ser.
Da mesma forma que a comida gera sensações, informa e transforma determinado ambiente ou pessoa, escrever sobre o assunto traz todos esses aspectos à tona. A forma como se executa o texto e o enfoque escolhido para abordagem são decisivos na transmissão da mensagem, podendo funcionar como instrumento de inclusão ou exclusão do público leitor/consumidor.
Atividade desenvolvida para o Curso de Extensão em Jornalismo Gastronômico, da FACHA-RJ, com a jornalista Juliana Dias.